traçados de mulheres da Penitenciária Feminina do Butantã

Aqui estão escaneadas, ou transcritas exatamente como foram escritas, as palavras, esquemas e desenhos de mulheres presas. O trabalho teve início em 2010, através do Projeto Ausências, um trabalho artístico/político amplo realizado dentro da Penitenciária Feminina do Butantã (para mais, vide o site e o blog do Grupo do Trecho, indicados em links no corpo do blog). O projeto ausências em autoescrituras é um afluente deste projeto do Trecho, um afluente que seguirá seu fluxo sem data de término.
Para a criação das autoescrituras, primeiro foram entregues fichas com perguntas, ou direcionamentos, para elas preencherem e devolverem no dia seguinte; depois, o trabalho seguiu através de cartas. Para ler as autoescrituras, clique no nome de cada uma das mulheres e acompanhe o histórico de seus escritos. O título da postagem ou será a data de recebimento da carta, ou a pergunta ou direcionamento feito em ficha para que ela respondesse.
O projeto foi diretamente discutido com elas, que toparam participar dele com vontade de compartilhar sua vida com o mundo exterior... Elas escolheram a forma como queriam que seus nomes fossem aqui publicados, ou inteiros, ou apelidos; bem como possuem endereço e senha do blog, para, em caso de saída temporária, poderem ver e/ou alterar o que quiserem.

domingo, 21 de novembro de 2010

o desejo de vazar esses escritos para além daqueles muros

o projeto ausências em autoescrituras, como um afluente do projeto ausências, foi um dos rumos encontrados por mim para criar pontes entre mundos a partir do que encontrei entre os muros da Penitenciária Feminina do Butantã, durante o trabalho com o Trecho em 2010.
Nós quase não pudemos adentrar aquele espaço. Quase não pudemos criar nada com elas... não pudemos filmar lá dentro, não pudemos colocar as vozes delas para além das paredes. 
Então, de repente, quase ao final de 2010 e de nosso período de entrada na prisão, pensei nas autoescrituras, nas quais elas escrevem sobre elas mesmas, podem contar coisas... podem desenhar o espaço da cadeia, para, quem nunca entrou lá, visualizar aquele lugar a partir do olhar de quem vive aquele lugar. 
Particularmente achei belíssimo ler e ver os traços diferentes de cada uma delas. A experiência não é genérica... tantos possíveis, mesmo naquele lugar de ausências!
Os papéis com suas palavras e desenhos passaram a princípio invisíveis pelo olho observador da penitenciária... e chegam aqui, sem precisar de fronteiras... em rede... para troca.






Carolina Nóbrega

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